h e l i p o r t o


terça-feira, abril 22, 2003
A Mariana Vieira da Silva (presente, entre outros sítios, em http://paisrelativo.blogspot.com) fez um raide ao heliporto e tornou possíveis os comentários ao que aqui se vai escrevendo. Obrigado, Mariana. :)



segunda-feira, abril 21, 2003
mais um helicóptero que aterrou com um ano de atraso:

as mãos deitam-se cansadas no corpo camuflado pela luz irregular do sinal de halogéneo pregado à parede do lado de fora daquele segundo andar. começam a dançar devagar sobre a pele dorida das costas, deslizam e percorrem-nas até estacarem no amparo de um corpo, que, por cima delas, cambaleia. cambaleia até todo o corpo nú ser as mãos que, prévias, já os dedos beijam. e por ali repousam.



A carne que me crepita
por baixo da pele
é imprópria
Dá a si mesma o nome de torrente
e disserta sobre a sua impureza
Eu impeço-me
e distingo-a de mim próprio
perdendo o que é de mim
na senda da distinção

A mão escreve a sua própria história
porque a minha não consolida
enquanto a minha não consolida
enquanto o que é de mim não endurece
não prospera e frutifica,
ela vai colhendo os frutos da autoanálise
caroços e despojos
de uma seca imperturbável

vou descansando num redor impermeável
até a mão decrescer
e embrutecer de cansaço
por esperar o momento em que a sua história
seja a minha.

agora adormece, por favor
enquanto aqui dentro
a tarde eterna e vertical,
árida,
se cristaliza

(31.03.2003 1:58)